sábado, 23 de agosto de 2008

Posição da CDU Oeiras (Julho 2008)

Fonte citada pelo remetente: Boletim CDU-OEIRAS de Julho de 2008


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1 comentário:

Anónimo disse...

Venho desta forma, prestar a minha opinião, relativa ao plano previsto para o espaço da antiga Fundição de Oeiras.

Acredito que o maior património de um concelho é o seu urbanismo, e Oeiras pode orgulhar-se de ter dos exemplos mais invejáveis do país.
Bons planos perpetuam-se, valorizam-se, são intemporais.
Os maus planos, desinseridos de estratégia social e urbana, modelos apregoados à custa da ignorância popular em matéria de urbanismo, dos fracos valores sociais e da frivolidade, criaram modelos com os “dias contados”.

Urbanismo que não cria comunidade, não promove sociedade. E o preço que se paga é uma factura que chega atrasada, acrescida de juros, cobrada a toda a sociedade. Nunca debitada ao único que tira partido, o promotor imobiliário.

Abordo a questão desta maneira porque me parece que os decisores políticos partem do princípio que contestar sistematicamente tudo o que é novo é uma atitude cultural e funciona o ditado que diz “ primeiro estranha-se e depois entranha-se”.

De muitos pontos se observa dois exemplos contrastantes: Nova Oeiras e Torres das Palmeiras. Relativamente ao segundo, não há “passar do tempo” que nos faça entranhar tal aberração.
Não há compensação de áreas comerciais que compense a desvalorização do tecido urbano anterior.
Em ambiente de recessão económica mundial, saturação da oferta imobiliária e consequente desvalorização, são os modelos mais demagógicos os primeiros a ruir.
E pagamos todos quando as nossas casas não valem a hipoteca bancária.
Quando viver numa torre muito alta à sombra da outra torre ou numa casa sem orientações transversais com predominância Norte, se revela um sonho traído.

E assim, esgotado o modelo da torre, e volta-se o delírio “novo rico” para o condomínio com piscina privada.
Ressalto a mesquinhez do plano em questão, com inúmeras pequenas piscinas contíguas, separadas por uma simples barreira física, em vizinhos partilharão o ruído, sem se conhecerem cara a cara.
Dou o exemplo da urbanização do Alto da Barra, em que a piscina e outras estruturas são geridas como um clube, constituindo espaços de convívio comunitário, com dimensões mais atractivas, e gestão mais sustentável.

Este novo delírio terá outro tipo de “amargos de boca”.
Não vá esta classe média alta, comprometida com um condomínio oneroso, controlar a sua perda de poder de compra (que lá vai tocando a todos) através do recurso às estruturas públicas de ensino.
Aí os nossos novos vizinhos juntar-se-ão a nós para partilhar as nossas “dores de cabeça”.
Saiba-se o panorama que se vive neste agrupamento escolar, nesta matéria.
Os estabelecimentos JI e EB N1, 2 e 3 carecem de instalações e número de salas de aula necessárias, para receber a sua população escolar, nos horários e com as actividades definidas na legislação em vigor.
O Lote 9, com 1500 m2, apresenta um equipamento com uma Área Bruta de Construção de 1880m2 para cumprir um programa descrito no Art.º 4º, alínea f) do Regulamento Cap. de Uso do Solo que, até para falacioso, é ridículo.

Somos mais uma vez insultados, quando nos tentam iludir com criação de áreas comerciais.
Isto não é para mim!
Isto nem é para uma classe que devia ser média, de gente com formação superior e consciência cívica, cujos rendimentos jamais comportariam o encargo de um condomínio com piscina (para não falar na aquisição), sujeitos à mercê da oferta pública e social, para garantir a saúde e a educação dos seus filhos, em sistemas que não garantem sequer, no mesmo concelho, na mesma freguesia e no mesmo agrupamento escolar, a igualdade de oportunidade prevista na constituição de qualquer sociedade moderna.

E mais haverá para dizer, sobre questões que são neste texto levemente abordadas, algumas subentendidas, pois não podem escapar ao conhecimento de quem administra território.

Todo o espaço público envolvente é martirizado para satisfazer a necessidade de acesso rodoviário ao plano.
Quanto betão é necessário para criar o terreno que permita aumentar de 2 para 5 faixas de rodagem, a via que atravessa inferiormente a linha de ferro, e liga à Praça Paiva Couceiro!
A banda verde de protecção entre o Bairro da Medrosa e a Estrada da Torre é arrasada.
O Monte dos Vendavais ficará o Promontório dos Vendavais.
O Parque Urbano que compõem a estrutura verde do conselho, também é sacrificado limitando-se a resolver, com muito betão e pouco arrojo, os problemas de tráfego que já se fazem sentir.

Não foi esta imagem urbana, que me fez escolher Oeiras para viver.
Exemplos como o Parque Expo apresentam densidades e volumetrias duma agressividade na qual não quero viver.


Teresa Belmonte Travassos